Crescer é a principal característica da infância. É também um marcador sensível de saúde. Portanto, se uma criança não cresce bem, algo pode estar errado.
Outra informação importante é que nas últimas décadas, especialmente nos países em desenvolvimento como o Brasil, as gerações têm ficado mais altas. É o que se chama na medicina de crescimento secular. Isso ocorre por melhorias nas condições gerais de saúde, nutrição, vacinas, contribuindo para que todo o potencial genético do indivíduo se manifeste.
Mesmo com esta tendência de termos filhos mais altos que os pais, ainda temos uma população de pessoas baixas, ou com baixa estatura relativa. Ou seja, aquela criança que tem crescimento dentro das curvas normais populacionais, porém está abaixo da média.
Isso pode ocorrer por questões genéticas, hormonais, doenças, nutricionais, falta de estímulos (atividade física) entre outros fatores.
Em cada fase da vida a criança tem um ritmo de crescimento. No primeiro e segundo ano de vida apresenta um crescimento rápido, posteriormente o crescimento fica mais lento, com média de 5-7 cm/ano, até chegar na puberdade, no qual ocorre o famoso estirão.
Se uma criança muda o modo de crescer, estabilizando, ou diminuindo as linhas de crescimento após 4 anos de idade, ela deve ser investigada, pois possuiu um risco maior de ser patológico e necessitar de intervenção.
Entre os principais fatores de crescimento, os quais os pais podem modificar estão: alimentação, atividade física e sono. Uma criança deve ser estimulada a comer todos os grupos alimentares, evitando os excessos de industrializados e aumentando frutas/ verduras e integrais. Em relação à atividade física, conforme a Organização Mundial da Saúde, a criança deveria ter uma atividade lúdica ou esportiva de 30-60 minutos/dia, conforme cada faixa etária. Sobre o sono, eles têm necessidade de dormir bem e cedo, portanto antes das 22:00 horas. Esses fatores contribuem para melhor liberação e ação do hormônio de crescimento (Growth Hormone – GH).
O processo do crescimento é complexo e multifatorial. Os fatores acima são os que facilmente podemos intervir, modificando hábitos ou fornecendo suplementos, mas há outros que ainda não conhecemos muito bem, especialmente ligados à genética. É claro que estou descrevendo crianças saudáveis, pois se possuem outras patologias como doença celíaca, o crescimento retorna a normalidade com o tratamento da doença de base.
Sobre os tratamentos para crescimento, algumas novidades têm surgido. No entanto, é bom deixar claro que tem indicações específicas. O exemplo clássico é sobre o GH. Ele é indicado nos casos de deficiência, algumas síndromes, aqueles que nasceram muito pequenos (PIG – Pequenos para Idade Gestacional) e não recuperaram a estatura e também na baixa estatura idiopática. Esta é uma situação médica na qual o indivíduo cresce abaixo das linhas de crescimento, sem uma causa aparente.
Nos meninos, que às vezes procuram o médico no final da adolescência, e apresentam baixa estatura, há uma medicação mais nova que ajuda a atrasar a idade óssea com resultados promissores quando associado ao GH. Enfim, mas cada caso é um caso e geralmente necessita de uma extensa investigação.
Em resumo, crescer é um processo dinâmico, contínuo e muito importante de ser observado. Se a criança não está crescendo bem, é importante ser avaliada para que uma intervenção precoce aconteça e não interfira na sua altura na fase adulta.