O hormônio de crescimento (GH) é usado na prática clínica desde meados de 1980, portanto menos de 40 anos. Para a medicina, ainda é um tempo muito curto para avaliar alguns efeitos da terapia a longo prazo. Desta forma, o que irei abordar sobre segurança do GH é o que se sabe até o momento.

A terapia com hormônio de crescimento recombinante humano foi primeiramente desenvolvida para repor os casos de deficiência hormonal, denominado Nanismo Hipofisário. Assim, quando o tratamento é usado em doses fisiológicas, apenas para repor o que está faltando no organismo, ele tem se mostrado seguro.

A pergunta mais comum dos pacientes é “Quais são os riscos desta terapia?”.

A resposta: depende primeiro do diagnóstico.

Sobre o risco de desenvolver um câncer, o que se sabe é que pode estar correlacionado com: 1) a dose elevada do hormônio; 2) com o diagnóstico (especialmente algumas síndromes) e 3) com o fato da criança já ter no seu histórico um tumor prévio. O que todos os estudos apontam é a importância do seguimento a longo prazo, justamente para monitorar os adultos tratados com GH na infância para doença cardiovacular e tumores, visto que não há dados ainda nesta faixa etária. O que dispomos de dados até o momento, é que um tratamento bem indicado e monitorado, não tem aumentado o risco para tumores.

Outra preocupação é sobre o desenvolvimento de Diabetes. O GH é um hormônio que naturalmente eleva a glicemia e reduz a sensibilidade a insulina, mas não aumenta o risco para Diabetes tipo 1 e é extremamente baixa para Diabetes tipo 2. Na prática, pode ocorrer aumento da resistência insulínica, o que às vezes requer redução da dose, mas no tratamento feito com acompanhamento médico, atividade física e alimentação adequada, o risco é quase zero.

Outro efeito que podemos encontrar é a hipertensão intracraniana benigna, especialmente nos primeiros meses de tratamento. O paciente pode apresentar fortes dores de cabeça e vômitos. Nesta situação recomenda-se parar o GH e depois reiniciar com doses baixas, para uma melhor adaptação do corpo.

Nos pacientes obesos o cuidado maior é com a Epifisiólise do Quadril. Isso pode ocorrer pois com o uso do GH, há um aumento do crescimento e o quadril tem maior risco de “escorregar” sobre a cabeça do fêmur. Neste caso há muita dor no quadril e dificuldade para andar e a grande prevenção é evitar o excesso de peso.

Enfim, toda terapia medicamentosa pode ter riscos e com o GH não é diferente. No entanto, até o momento, quando realizado dentro das indicações, com seguimento médico adequado, ele tem se mostrado seguro, mas o seguimento a longo prazo é fundamental.

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